O limite geralmente está associado a algo negativo, ao castigo, algo que tolhe e ameaça a criança. No entanto, precisamos mudar a nossa forma de olhar esse conceito e aprender a conviver melhor e sem culpa com a noção de limite. O limite, na verdade, serve para proteger a criança de seu próprio descontrole. A criança muitas vezes não é capaz de sozinha dar conta de seus impulsos e confia aos pais ou responsáveis essa delicada tarefa. Vamos pensar no limite como aquilo que abraça, acolhe e defende a criança do que ela ainda não é capaz de enfrentar, dos perigos do seu mundo interno e externo. Sem esse "abraço", vem a sensação de insegurança e desamparo, o que pode ser interpretado mais tarde, na adolescência, como falta de amor, interesse e até mesmo como uma forma de abandono.
Para trocar experiências sobre a arte e o desafio de criar filhos nos dias de hoje.
sábado, 7 de julho de 2012
BIRRA: "Eu quero porque quero!"
Com o passar dos primeiros anos, a criança vai ganhando autonomia e descobrindo que também possui desejos e vontades. Assim, começa a testar o poder dos pais e a reação do mundo a seu redor. Nessa fase, algumas crianças costumam reagir de forma agressiva e inadequada quando contrariadas, expondo, muitas vezes, os pais a situações delicadas e embaraçosas. É o que chamamos de birra. A birra é a dificuldade de aceitar um limite, de lidar com a frustração. A criança nessa fase ainda não tem maturidade para conseguir o que quer de uma maneira mais adequada. Os pais ao atenderem ao desejo da criança a partir de um comportamento de birra acabam reforçando as próximas crises. O melhor meio de desarmar a birra é NÃO atender a nada que for solicitado pela criança através dessa estratégia. Nós, adultos, precisamos ser firmes e constantes, conversando com a criança, permitindo assim que ela descubra novas formas de expressar seus desejos, necessidades e emoções.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Filhos do coração.
No
início, é apenas um desejo, embrião de um sonho... A ideia de ter um filho vai
chegando devagarzinho, tomando espaço em nossos corações. Aos poucos, a
sementinha lançada vai germinando, crescendo e tomando conta de nós. Até
que chega a hora de tomarmos a decisão, talvez a maior e mais séria decisão de
nossas vidas: "ter ou não ter..." Quando decidimos ter um filho,
todas as outras coisas parecem ficar pequeninas. O pensamento de gerar
uma nova vida nos invade e vai ganhando forças até chegar o
grande momento: "Pronto! Está decidido! Vamos ter um filho." A partir
daí começamos a sonhar e construir muitos planos
enquanto esperamos ansiosamente a confirmação da maravilhosa notícia: Positivo. Você está grávida! Só que nem sempre a história é assim. Muitos casais sofrem
muito por esta espera que parece não chegar nunca... Até que um dia percebemos
que não precisamos desistir do nosso sonho. É possível, sim, ser pai ou mãe.
Existem outros caminhos e outras formas de "gerar" uma vida. O
caminho pode ser mais longo, mais difícil, mas não está fechado desde que o
objetivo maior seja realmente um filho. É importante, de uma vez por todas,
desvincular a adoção da ideia de caridade. Adotar uma criança não garante o
"céu" e não dá o direito a recompensas e aplausos pela "boa
ação" praticada. Adotar é fazer uma escolha responsável, é decidir ser pai
ou mãe independente da nossa capacidade de conceber, gestar e parir. Muitas
pessoas tomam esta decisão mesmo tendo todas as condições e possibilidades de
engravidar. Adotar não é atestado de infertilidade ou esterilidade. Adotar é,
antes de tudo, o despojamento de preconceitos, medos e inseguranças. Assim como em toda gravidez, é necessária uma preparação para receber o filho que vai chegar.
Na adoção, a "gestação" não tem tempo certo para acabar.
"Engravidamos", simplesmente. Não sabemos por quantas semanas, por
quantos meses ou por quantos anos... Esperamos um filho que pode chegar a
qualquer momento. E nesta espera, corremos o risco de prepararmos o enxoval e
engavetá-lo várias vezes. Alarme falso! Ainda não foi dessa vez! Até que um
belo dia chega o nosso tão desejado bebê, normalmente
quando menos esperamos. É hora então de correr, arrumar o quartinho, comprar o
que ainda falta, avisar aos familiares e amigos, marcar o pediatra, desmarcar
todos os compromissos e, o mais importante, preparar o coração. Podem faltar as
fraldas, as mamadeiras, a cortina do quarto... mas nunca o afeto. E haja
coração! A emoção de receber uma criança em nossas vidas não se compara a nenhuma
outra. É o milagre da vida que nos foi entregue, o dom maior em nossas mãos.
Não importa como isso aconteceu, mas aconteceu. E ali está aquele bebê ou
aquela criança à nossa espera, confiando no nosso amor. E ficamos ali, em
estado de êxtase, admirando aquele pequeno ser, sem sabermos muito bem por onde
começar, mas o importante é não temer, confiar e saber que amor não vai faltar.
E assim começa uma nova história...
E assim começa uma nova história...
sábado, 19 de maio de 2012
Fingir que não vê, não resolve o problema.
O abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes é um assunto polêmico, delicado e doloroso principalmente para aqueles que viveram esta experiência em suas próprias vidas ou como pais, na vida de seus filhos. Os pais ou responsáveis precisam estar muito atentos às mudanças bruscas no comportamento das crianças. A criança e o adolescente nos sinalizam de várias maneiras que estão precisando de socorro. Podemos aqui citar alguns indicadores comportamentais em crianças que podem estar sofrendo abuso sexual:
- Culpa e autoflagelação.
- Medo ou pânico de certa pessoa ou quando é deixado sozinho em algum lugar com alguém.
- Medo de escuro ou de lugares fechados.
- Regressão a comportamentos infantis, como choro excessivo sem causa aparente, enurese (xixi na cama) e chupar dedos.
- Mudanças extremas, súbitas e inexplicáveis no humor.
- Ansiedade generalizada, comportamento tenso e sempre em estado de alerta.
Porém, precisamos ter um cuidado especial ao avaliarmos esta situação. Nem toda alteração no comportamento do seu filho significa que ele está sofrendo abuso ou sendo vítima de exploração sexual. É necessário, antes de tudo, conhecermos bem a criança, estarmos sempre atentos, assim poderemos reconhecer e interpretar mais claramente o que ela quer nos dizer através destes sinais. Normalmente, o agressor é uma pessoa próxima, que tem a confiança da criança e da família e, muitas vezes, está dentro da nossa própria casa. Através de brincadeiras e jogos de sedução atrai a atenção da criança e, aos poucos, sem usar da violência física, convence a vítima a fazer o que ele quer. Depois, utiliza-se de ameaças e chantagens para conseguir o silêncio de sua "presa". As crianças amedrontadas e tomadas por um enorme sentimento de culpa temem falar aos pais e guardam este doloroso segredo com medo de serem castigadas. Ao desconfiarem que algo de errado está acontecendo com seu filho, os pais precisam inicialmente dar garantia à criança de que ela não sofrerá nenhum tipo de punição ao contar a verdade. É importante que o agressor seja identificado e denunciado o mais rápido possível para evitar novos casos de abuso. As crianças também precisam ser orientadas, mesmo ainda pequenas. Odívia Barros, 33 anos, lançou no ano passado "Segredo Segredíssimo", o primeiro livro infantil no Brasil a abordar a questão da pedofilia, causando muita polêmica. Com este livro, a autora pretende desmistificar o tabu de tratar do assunto ainda na tenra idade. Segundo ela, é importante que orientemos as crianças já a partir dos cinco anos, "ou os abusadores continuarão chegando primeiro".
"Fingir que não vê, não resolve o problema".
DENUNCIE. DISQUE 100.
Alimentação: a "guerra" nossa de cada dia.
Em muitas
casas, o horário das refeições se transforma numa "guerra" com
choros, ameaças e muitas discussões. As dificuldades começam ainda no desmame
ou na retirada da mamadeira. As mães ficam muito ansiosas, temerosas de que
seus filhos não consigam se alimentar bem e suprir suas necessidades
nutricionais. Essa transição,como todas as outras mudanças importantes na vida
de uma criança, deve ser feita de forma gradativa. O momento mais indicado é
quando a criança já é capaz de experimentar e apreciar novos alimentos.
Precisamos incentivá-la a comer sozinha desde cedo, mesmo que no início
aconteçam pequenos "acidentes" como derramar a comida ou o suco.
Quanto mais variado e colorido o cardápio, mais atraente se tornará para a
criança, criando assim mais opções. Muitos pais criam uma grande expectativa em
torno do momento da alimentação, associando recompensas ou punições ao comportamento
alimentar do filho. O mais indicado é oferecer, além de uma alimentação
saudável, um ambiente tranquilo, deixando a criança mais à vontade e sem tantas
cobranças. Assim, esse momento tão importante passará a fazer parte da rotina,
podendo ser vivido de forma natural e prazerosa por toda a família.
Bom
apetite!
sexta-feira, 11 de maio de 2012
A minha casa "desabou". E agora?
Quando os pais
decidem se separar, a maior preocupação normalmente é com os filhos. O que
dizer? Como contar? Qual o melhor momento? Antes de tudo, é importante que os
pais estejam seguros da decisão tomada. Não devem passar para as crianças as
suas dúvidas e inseguranças. A comunicação deve ser feita de preferência pelos dois, de forma clara e
simples. Dependendo do nível de maturidade da criança, os pais podem ainda esclarecer
as perguntas acerca dos motivos que levaram os dois a tomarem esta decisão, sem
precisar necessariamente entrar em detalhes ou fazer julgamentos. Este diálogo
é importante para que a criança possa de fato compreender o que está
acontecendo. Neste momento difícil e tão delicado, os pais muitas vezes
escondem ou mascaram a realidade criando explicações ou justificativas que, na
maioria dos casos, mais confundem do que esclarecem à criança: “o papai viajou”
ou “a vovó está doente e por isso o papai (ou mamãe) mudou para a casa dela”.
Sabemos que a criança, mesmo pequena, é capaz de perceber e sentir quando algo estranho está acontecendo na família. Nas brincadeiras, é comum simbolizar a separação dos pais através da destruição ou do desabamento da casa
e algumas vezes chega a verbalizar: “A minha casa desabou. E agora?” A
fantasia vai muito além e o que a criança é capaz de imaginar pode ser pior do que aquilo que está realmente acontecendo, gerando assim um forte
sentimento de angústia, medo e insegurança. No pensamento da criança, da mesma
forma que o pai saiu de casa, a mãe também pode ir embora. E quem cuidará dela?
Será que continuará morando na mesma casa, estudando na mesma escola, vendo os amiguinhos? Estas são questões que normalmente povoam o pensamento da criança trazendo sofrimento. O melhor é conversar com o filho o mais cedo possível, esclarecendo
todas as suas dúvidas, procurando tranquilizá-lo quanto ao que irá acontecer e
como será a sua vidinha dali pra frente. Assim, pais e filhos, mesmo separados,
poderão vencer as “tempestades” e os “furacões”, mostrando à criança que ainda
é possível reconstruir a casa, a vida e voltar a ser feliz.
domingo, 6 de maio de 2012
Dormindo com os pais.
Uma
dúvida frequente entre os pais, principalmente os de “primeira viagem”, é se
devem ou não permitir que o filho durma com eles na mesma cama. Existem momentos, é
claro, que a criança está mais fragilizada e precisando de aconchego e
proteção. Quem nunca colocou em sua cama um filho pequeno doente, com febre
alta, por exemplo? Ou o acolheu em seu quarto numa noite de tempestades e trovões? Eu mesma fiz isso muitas vezes! Mas sabemos o quanto é importante que, desde
recém-nascida, a criança tenha o seu cantinho e que nele possa passar tranqüilamente
as suas noites. No início, pode parecer
difícil, principalmente para a mãe, que é tomada pela fantasia e pela culpa do
abandono. Para ela, longe da mãe, um ser ainda tão pequenino pode se engasgar,
se asfixiar, morrer ou simplesmente sumir no meio da noite. E tentando justificar seus medos, é muito
comum ouvir inúmeras explicações como: “a casa é tão grande”, “eu tenho medo
de não ouvir quando ele chorar” ou ainda “ele sofre de refluxo.” E assim,
continuam levando as crianças para suas camas e criando nos filhos um hábito que
certamente irá dificultar mais tarde o desenvolvimento do sentimento de
segurança e autonomia na criança. Quando investigamos esta dificuldade,
percebemos que ela pertence muito mais aos próprios pais do que aos pequenos. Uma
vez, perguntando a uma menina porque ela ainda dormia na cama dos pais, ela
seguramente me respondeu: “Sabe o que é tia Emilly, meu pai viaja e a minha mãe
tem muito medo do escuro e de dormir sozinha.” Esta criança recebeu a
responsabilidade de proteger a própria mãe, na ausência do pai. Vocês não percebem que tem algo de
errado nisso? Os papéis aí foram trocados e a criança que normalmente necessita da proteção de um adulto,
de repente se encontra com uma tarefa que não consegue dar conta. Não é fácil
ter que cuidar da própria mãe aos quatro ou cinco anos de idade! Outro motivo que
leva os papais e as mamães a conservarem os filhos em seus quartos é a
necessidade de tê-los sempre por perto e o medo de que eles cresçam e dispensem
os seus cuidados. É, na grande maioria das vezes, uma tentativa desesperada de conservarem para
sempre o filho bebê. Eles acham que ao lado deles os perigos são menores e que lá
fora a criança não será capaz de se defender sozinha das ameaças que o mundo
oferece. Os pais precisam refletir um pouco mais e autorizar os seus filhos ao
crescimento. O fato de a criança crescer e se tornar mais independente dos
pais não significa que ela irá deixar de amá-los ou abandoná-los. A criança
precisa receber dos pais uma autorização para crescer. Com estímulo, carinho, amor e
confiança os pais finalmente poderão deixar os filhos saírem, fechar a porta do
quarto e dormir sossegados.
Bons sonhos!
sábado, 5 de maio de 2012
Ciranda de livros.
A leitura deve ser estimulada desde cedo. Hoje, a criança sofre muitos apelos do mundo lá fora e, assim como nós, pouco tem tempo de parar e elaborar sentimentos e emoções. A literatura infantil é muito rica e traz à criança esta oportunidade. Lendo, relendo e ouvindo histórias os pequenos entram em contato com os seus conflitos, medos e outras emoções, e assim vão aprendendo, aos poucos e de forma segura, a lidar com as diversas formas de sentir. Como aprender a enfrentar o medo se não posso senti-lo? O que fazer com a raiva? E com o ciúme do irmãozinho que acabou de nascer? E quem disse que menino não chora? O que fazer então com o choro não chorado? Através da contação e leitura de histórias infantis, as crianças vão elaborando e aprendendo que a vida é cheia de surpresas e que muitas delas surgem de dentro de nós, muitas coisas que estavam "guardadinhas" e "escondidinhas". Os pais, ao autorizarem o filho a expressar o que sente, estão ensinando uma grande lição e mostrando à criança que é possível sentir dor, medo, raiva e sobreviver a tudo isso. Assim, acredito, que nossas crianças estarão mais preparadas e fortalecidas para lutarem contra os "lobos", "bruxas" e "feras" que encontrarão pela vida afora.
"Folhinha" estreia coluna Ciranda do Livro, com dicas de leitura para os nossos pequenos leitores:
Nasce mais um filho.
Este Blog nasceu da necessidade pessoal de transmitir aos pais a minha experiência de anos de trabalho com crianças e adolescentes. Posso dizer a vocês que, ao longo destes anos, muito aprendi com eles. Muitas vezes, achamos que por sermos adultos, tudo sabemos. Veremos que não é bem assim... Também considero importante compartilhar aqui a minha história e vivência com os meus filhos. Não pensem vocês que por ser psicóloga não tenho problemas e dificuldades ao exercer o meu papel de mãe. Assim como vocês, também tenho dúvidas e momentos de insegurança. Aqui, então, abrimos um novo espaço para uma conversa informal, um lugar para dividirmos nossas angústias, culpas e incertezas. E também as nossas alegrias e novas descobertas nesta grande e surpreendente aventura de ser pai e mãe nos dias atuais.
Sejam todos bem-vindos!
Sejam todos bem-vindos!
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