domingo, 6 de maio de 2012

Dormindo com os pais.




Uma dúvida frequente entre os pais, principalmente os de “primeira viagem”, é se devem ou não permitir que o filho durma com eles na mesma cama. Existem momentos, é claro, que a criança está mais fragilizada e precisando de aconchego e proteção. Quem nunca colocou em sua cama um filho pequeno doente, com febre alta, por exemplo? Ou o acolheu em seu  quarto numa noite de tempestades e trovões? Eu mesma fiz isso muitas vezes!  Mas sabemos o quanto é importante que, desde recém-nascida, a criança tenha o seu cantinho e que nele possa passar tranqüilamente as suas noites.  No início, pode parecer difícil, principalmente para a mãe, que é tomada pela fantasia e pela culpa do abandono. Para ela, longe da mãe, um ser ainda tão pequenino pode se engasgar, se asfixiar, morrer ou simplesmente sumir no meio da noite. E tentando justificar seus medos, é muito comum ouvir inúmeras explicações como: “a casa é tão grande”, “eu tenho medo de não ouvir quando ele chorar” ou ainda “ele sofre de refluxo.” E assim, continuam levando as crianças para suas camas e criando nos filhos um hábito que certamente irá dificultar mais tarde o desenvolvimento do sentimento de segurança e autonomia na criança. Quando investigamos esta dificuldade, percebemos que ela pertence muito mais aos próprios pais do que aos pequenos. Uma vez, perguntando a uma menina porque ela ainda dormia na cama dos pais, ela seguramente me respondeu: “Sabe o que é tia Emilly, meu pai viaja e a minha mãe tem muito medo do escuro e de dormir sozinha.” Esta criança recebeu a responsabilidade de proteger a própria mãe, na ausência do pai. Vocês não percebem que tem algo de errado nisso? Os papéis aí foram trocados e a criança que normalmente necessita da proteção de um adulto, de repente se encontra com uma tarefa que não consegue dar conta. Não é fácil ter que cuidar da própria mãe aos quatro ou cinco anos de idade! Outro motivo que leva os papais e as mamães a conservarem os filhos em seus quartos é a necessidade de tê-los sempre por perto e o medo de que eles cresçam e dispensem os seus cuidados. É, na grande maioria das vezes, uma tentativa desesperada de conservarem para sempre o filho bebê. Eles acham que ao lado deles os perigos são menores e que lá fora a criança não será capaz de se defender sozinha das ameaças que o mundo oferece. Os pais precisam refletir um pouco mais e autorizar os seus filhos ao crescimento. O fato de a criança crescer e se tornar mais independente dos pais não significa que ela irá deixar de amá-los ou abandoná-los. A criança precisa receber dos pais uma autorização para crescer. Com estímulo, carinho, amor e confiança os pais finalmente poderão deixar os filhos saírem, fechar a porta do quarto e dormir sossegados.

Bons sonhos!


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