Uma
dúvida frequente entre os pais, principalmente os de “primeira viagem”, é se
devem ou não permitir que o filho durma com eles na mesma cama. Existem momentos, é
claro, que a criança está mais fragilizada e precisando de aconchego e
proteção. Quem nunca colocou em sua cama um filho pequeno doente, com febre
alta, por exemplo? Ou o acolheu em seu quarto numa noite de tempestades e trovões? Eu mesma fiz isso muitas vezes! Mas sabemos o quanto é importante que, desde
recém-nascida, a criança tenha o seu cantinho e que nele possa passar tranqüilamente
as suas noites. No início, pode parecer
difícil, principalmente para a mãe, que é tomada pela fantasia e pela culpa do
abandono. Para ela, longe da mãe, um ser ainda tão pequenino pode se engasgar,
se asfixiar, morrer ou simplesmente sumir no meio da noite. E tentando justificar seus medos, é muito
comum ouvir inúmeras explicações como: “a casa é tão grande”, “eu tenho medo
de não ouvir quando ele chorar” ou ainda “ele sofre de refluxo.” E assim,
continuam levando as crianças para suas camas e criando nos filhos um hábito que
certamente irá dificultar mais tarde o desenvolvimento do sentimento de
segurança e autonomia na criança. Quando investigamos esta dificuldade,
percebemos que ela pertence muito mais aos próprios pais do que aos pequenos. Uma
vez, perguntando a uma menina porque ela ainda dormia na cama dos pais, ela
seguramente me respondeu: “Sabe o que é tia Emilly, meu pai viaja e a minha mãe
tem muito medo do escuro e de dormir sozinha.” Esta criança recebeu a
responsabilidade de proteger a própria mãe, na ausência do pai. Vocês não percebem que tem algo de
errado nisso? Os papéis aí foram trocados e a criança que normalmente necessita da proteção de um adulto,
de repente se encontra com uma tarefa que não consegue dar conta. Não é fácil
ter que cuidar da própria mãe aos quatro ou cinco anos de idade! Outro motivo que
leva os papais e as mamães a conservarem os filhos em seus quartos é a
necessidade de tê-los sempre por perto e o medo de que eles cresçam e dispensem
os seus cuidados. É, na grande maioria das vezes, uma tentativa desesperada de conservarem para
sempre o filho bebê. Eles acham que ao lado deles os perigos são menores e que lá
fora a criança não será capaz de se defender sozinha das ameaças que o mundo
oferece. Os pais precisam refletir um pouco mais e autorizar os seus filhos ao
crescimento. O fato de a criança crescer e se tornar mais independente dos
pais não significa que ela irá deixar de amá-los ou abandoná-los. A criança
precisa receber dos pais uma autorização para crescer. Com estímulo, carinho, amor e
confiança os pais finalmente poderão deixar os filhos saírem, fechar a porta do
quarto e dormir sossegados.
Bons sonhos!
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